Sabrina!

Eu precisava disso, agora realmente sei quem sou.
Punhos serrados, me olhei no espelho, sorria Sabrina, sorria eu pensei.
Eu tinha marcas nos braços e em meu pescoço.
Por que eu gostava disso?
Tapas na cara, puxões, arranhões, vadia!

Dias frios e sempre cinzas, um bom cigarro mentolado.
Batom escuro nos lábios.
"Sabrina é tão pura" minha família dizia!
Na verdade eu me mantinha calada.
Sempre vista como um anjo, talvez era vista assim por causa dos cabelos ondulados e olhos claros!
Mas que mentira, eu fiquei com o primo Edu, e seu pai aliás!
A prima lésbica da família, bom, sua primeira vez foi comigo.
Sorria Sabrina, sorria!
Mãos na minha coxa e um pouco de porra, era bom que os convidados que fossem me jantar, digo jantar lá em casa, não se importassem com a sujeira, eu quase não trocava o lençol.
Apartamento pequeno, não tinha televisão, uma cafeteira antiga, e apesar disso o cheiro, eu amava aquele cheiro no ar.
Te vi no bar e pensei presa fácil, então fui falar "oi".
Seu sorriso, seus lábios, não enrolei, afinal nunca fui de muitas palavras, sussurrei em teu ouvido, sua pele arrepiou.
Estamos em meu apartamento, vi teu olhar de estranhamento, e sua boca me questionou, "Você é uma prostituta?" E eu apenas respondi "Não".
Teu corpo meu corpo, sua mão deslizando na minha pele, tirando minha meia calça, beijando meus pés, me joguei pra cima de você, puxei seus longos cabelos, e ai  você percebeu que não sairia dali sem sua pele sangrar!

Punhos serrados, me olhei no espelho, sorria Sabrina, sorria eu pensei.
Eu tinha marcas nos braços e em meu pescoço.
Por que eu gostava disso?
Tapas na cara, puxões, arranhões, vadia!
Não trocamos números de telefone.
Eu perguntei teu nome? Provavelmente não, mas você sabia meu endereço então voltou.
Trouxe algo para comer, para que mesmo?
Dessa vez seus cabelos estavam presos, e eu percebi como tua tatuagem me atraia.
Disse que precisava de um banho, então você foi comigo.
A água quente, o vapor e você sorriu, seu sorriso me convidada a transar.
Queria dar para você quando ele surgia.
O chão frio do banheiro, junto com o calor da água, seu corpo e que corpo.
Sua pele macia, seu beijo, seria paixão?
E então a rotina, sempre seu corpo, sempre seu cheiro, de repente o ciumes!
E então os gritos, brigas, meu defeitos, você queria monogamia e eu a liberdade.
Mas para você não bastava meu amor.
Punhos serrados, me olhei no espelho, sorria Sabrina, sorria eu pensei.
Eu tinha marcas nos braços e em meu pescoço.
Por que eu gostava disso?
Tapas na cara, puxões, arranhões, vadia!
Unha quebrada, cafeteira no chão, minha boca machucada, dessa vez não obtive prazer algum.
Não queria apanhar, não queria mais você.
Sorria Sabrina, sorria!



Comentários

Postagens mais visitadas